§ Quando falamos da Palestina em nosso estudo, falamos dos hebreus, povo que deixou um imenso legado religioso e cultural para nossa civilização. Seu papel na Antigüidade, se pensarmos em feitos militares, expansão territorial, é nulo, mas sua influência sobre nossa Civilização Ocidental ou mesmo chamada por alguns de Judaico-Cristão é inegável. Os hebreus, depois os judeus, eram os únicos monoteístas dentre os seus contemporâneos, isso os diferenciava e os tornava suspeitos, em especial por causa de seus costumes e regras que marcavam todos os aspectos de sua vida social.
§ Muito do que sabemos sobre os hebreus depende das próprias fontes escritas por este povo. O Velho Testamento ou Tanach [1] nos dá informação sobre a origem, as migrações, as tentativas de ocupação da Palestina e muitos outros detalhes, no entanto, é difícil separar o que é mito do que é História, porque outros povos só irão falar dos hebreus muito tardiamente, em especial, depois do Cisma. Ao estudarmos a História dos hebreus, temos que ter isso em mente.
§ LOCALIZAÇÃO: Situava-se entre o Rio Jordão e o Mar Mediterrâneo, cercada pela Síria, Fenícia e Deserto da Arábia. As áreas banhadas pelo Rio Jordão eram férteis e propícias à agricultura (trigo, cevada, tâmaras, azeitonas e figos), mas o resto do território era desértico ou semidesértico, com um solo pedregoso e relevo montanhoso (nessas regiões se praticava o pastoreio).
§ O POVO: A região era habitada desde aproximadamente 3.000 a.C. pelos cananeus; posteriormente os filisteus (indo-europeus) também se estabeleceram no território. Os hebreus, “povo do outro lado”, eram pastores seminômades, originários provavelmente do Deserto da Arábia, se estabeleceram na cidade de Ur na Mesopotâmia até por volta de 2.000 a.C. quando migram em direção à Palestina, liderados por seu líder mítico Abraão. Demorarão muito tempo ainda para se sedentarizar.
§ PERIODIZAÇÃO:
Era dos Patriarcas: Os hebreus se organizavam em torno de patriarcas, isto é, líderes de famílias estendidas, que reuniam em suas mãos funções diversas como a de chefe militar, sacerdote e líder político. Os mais importantes patriarcas foram Abraão (que levou o seu povo até a Palestina), Isaac e Jacó (quando se formam as 12 tribos). Nesse período ainda mantinham suas características seminômades. Acredita-se que por volta de 1.700 a.C. os hebreus se transferiram para o Egito fugindo de uma grande seca. Teriam se estabelecido no Delta do Nilo sob a proteção dos hicsos (reis pastores), povo que havia conquistado o território, recebendo uma série de benefícios. Com o fim do domínio hicso, foram transformados em escravos. Por volta do ano 1.250 a.C., retornaram para a Palestina sob a liderança de Moisés, esse acontecimento ficou conhecido como Êxodo. Durante a migração, os hebreus teriam recebido de seu Deus (Iavé/Jeová) a sua base jurídica, conhecida como 10 Mandamentos. É durante esse período que começa a se consolidar o monoteísmo.
Era dos Juízes: Período marcado pela fragmentação política. Os hebreus se dividem em tribos, que mesmo partilhando a mesma cultura e religião, só se unem, às vezes parcialmente, para enfrentarem um inimigo comum. Nestes momentos de crise e necessidade surgem líderes carismáticos, investidos pelo poder divino, os chamados Juízes. Poderiam ser líderes políticos, militares ou religiosos, separadamente ou exercer todos os poderes. De qualquer forma, tratava-se de um teocracia. Alguns juízes importantes foram: Josué (sucessor de Moisés), Gedeão, Jefté, Débora, Sansão e Samuel (último dos juízes). Com o retorno a Palestina, os hebreus encontram outros povos na região, o mais forte deles, os filisteus que se impõem pela superioridade militar. Empurrados para o Norte do território, os hebreus terminam por formar uma confederação, unificada em torno de um Rei, para tentar vencer os inimigos.
Era dos Reis: Esse período se estende de cerca de 1010 a.C. até a destruição de Jerusalém por Nabucodonosor, rei dos caldeus, em 587 a.C. Podemos dividir a Era dos Reis em dois períodos, o primeiro do Reino Unido, com Saul (1010-1006 a.C.), Davi (1006-966 a.C.) e Salomão (966-926 a.C.), e o segundo o do Cisma, com a divisão em dois reinos, o Reino de Judá e o Reino de Israel.
- Os primeiros monarcas, Saul e Davi (que criou um exército permanente), tiveram governos turbulentos onde a guerra, contra os filisteus e outros inimigos, estava na ordem do dia. Foi o período de consolidação do território. Quando Salomão, filho de Davi, sobe ao trono, fora os problemas sucessórios (*ele lutou contra seus irmãos pelo poder*), encontra um reino pacificado e pode investir seus esforços na expansão do comércio, no estabelecimento de boas relações com os reinos vizinhos, na construção de palácios e do grande templo de Jerusalém. O esforço embelezador de Salomão, entretanto, gerou o aumento de impostos que passaram a pesar sobre a população mais pobres, além disso, o monarca se utilizou largamente do trabalho compulsório (tipo de trabalho que não implica em pagamento, pode ser a servidão e/ou a escravidão) das populações estrangeiras que habitavam o território. Salomão também despertou a oposição dos sacerdotes que não viam com bons olhos política religiosa liberal. Só explicando: casamentos eram alianças políticas e Salomão parece ter firmado muitos contratos, negócios eram selados com o sacrifício aos deuses do outro povo em sinal de amizade, o que era considerado “civilizado e cortês” por todos os vizinhos era visto como intolerável em um regime monoteísta.
- Com o fim do reinado de Salomão, seu filho Roboão não conseguirá manter o reino unificado e ocorre o Cisma (separação/ruptura), dez tribos se separam e formam o Reino de Israel(Norte), com capital em Samaria, e duas permanecem fiéis ao sucessor de Salomão formando o Reino de Judá(Sul) com capital em Jerusalém. Divididos, os hebreus se tornaram presas ainda mais fáceis para as nações expansionistas da época. O Reino de Israel desaparece com a invasão da Assíria, governada por Sargão II, em 721 a.C., o território foi devastado, seus habitantes dispersos ou escravizados e outras populações foram estabelecidas na região. O Reino de Judá resiste mais um pouco, pagando tributo aos assírios, mas termina se revoltando contra os novos senhores, os babilônios confiando na proteção egípcia, termina sendo destruído por Nabucodonosor, rei do II Império Babilônico em 587 a.C., sendo parte da população levada cativa para a Babilônia.Era Do Domínio Estrangeiro: Quando os persas conquistaram a Babilônia, em 539 a.C., os judeus recebem a permissão para retornar à Palestina, nesse período muitos judeus já haviam se dispersado pelo mundo, alguns preferiram ficar na Babilônia. Com a queda dos persas, são anexados ao Império Macedônico, em 333 a.C., com o fim deste tentam a independência, mas já em 63 a.C. o território se torna parte do Império Romano. No ano de 70 d.C., os judeus se revoltam e Jerusalém é destruída pelos romanos, e inicia-se a Diáspora, isto é, a dispersão dos judeus pelo mundo. Em 131 d.C., nova revolta faz com que boa parte dos judeus seja expulsa da Palestina pelos romanos. Outros dominadores foram ocupando a região no decorrer dos séculos, sendo que os judeus mantiveram sua identidade através de sua cultura e religião. Somente no ano de 1947, como resultado do Movimento Sionista e da II Guerra Mundial, a ONU começa a planejar o estabelecimento de um Estado Judeu que dividisse a região com um Estado Palestino, com Jerusalém, cidade sagrada tanto para judeus quanto para cristãos e muçulmanos, divididas entre os dois Estados. O Estado de Israel se consolida em 1948, enquanto o Estado Palestino ainda não saiu do papel, fazendo com que a tensão na região seja permanente.
§ SOCIEDADE E ECONOMIA: (ver p. 61 do livro)
§ CULTURA E RELIGIÃO: Por certo as maiores contribuições dos hebreus/judeus se deram nesses campos. A base para se conhecer a história antiga dos judeus até hoje é o Velho Testamento (Primeira parte da Bíblia Cristã), sendo que os judeus chamam os 5 primeiros livros (Pentateuco para os cristãos) de Torá. É na Torá que se encontram as diretrizes morais, jurídicas (Os Dez Mandamentos e outras leis), de organização do culto e alimentares do povo judeu. Para explicar a lei foram reunidos textos de vários rabinos (sacerdotes) em outra obra, chamada Talmude, e que é utilizada até hoje. A visão religiosa judaica influenciou fortemente o Cristianismo, que abraçou os livros do Velho Testamento como seus textos sagrados, através do Monoteísmo, da noção de Juízo Final, da vinda do Messias. Também o Islamismo deve muito ao Judaísmo, seja na noção de Monoteísmo, seja por valorizar o Velho Testamento, afinal, Abraão (Ibrahim) é considerado também pai dos árabes e elemento que estabeleceu as primeiras bases do culto a Alá.
[1] Tanach é um acróstico de Torah (Pentateuco – 5 primeiros livros), Neviim (Profetas) e Ketuvim (Escritos – os demais livros) do Velho Testamento cristão.
2 comentários:
Bom, esse texto me ajudou muito para eu enterder mais sobre os hebreus e seus diversos aspectos, mas porém não achei o que procurava que era a Política dos hebreus, mas mesmo assim me ajudou para os outros itens que procurava!
Achei este texto ótimo para minhas lições, eu nao entendia então isso me ajudou muito, mas poderia falar de mais alguma coisa. Mesmo assim obrigada gostei muito.
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