*** LOCALIZAÇÃO: Arquipélago localizado no Sudeste Asiático, o Japão é formado por 4 ilhas maiores e centenas de pequenas ilhas, somando um total de quase 3 mil. Cerca de 70% do território é montanhoso e sujeito à atividade vulcânica. Seu ponto culminante é o Monte Fuji.
*** POVO: a população da ilha se formou a partir de migrações da China, Coréia e Ilhas do Pacífico. Além disso, no norte do Japão encontrasse o povo Aino, que se dizem os primeiros habitantes do arquipélago e que tem traços caucasianos e origem incerta. Por serem cosiderados "diferentes", foram muito perseguidos e hoje estão quase extintos.
*** ESTADO: Uma lenda associa a família imperial japonesa à deusa solar Amaterasu que teria dado à luz ao primeiro imperador (Jimmu Tennô) no ano de 660 a.C. Esse primeiro clã [1] governante é considerado lendário, por isso, o período histórico do Japão começaria somente no século V d.C.
- Os períodos históricos do Japão recebem sempre o nome de acordo com a casa reinante ou um acontecimento especial. Os períodos da história japonesa são assim designados: Jommon (até 300 a.C.), Yayoi (300 a.C. - 300 d.C.), Kofun (300-710), Nara (710-784), Heian (794-1185), Kamakura (1192-1333), Muromachi (1338-1573), Azuchi Momoyama (1573-1603), Edo (1603-1867) [2], Meiji (1868-1912), Taishô (1912-1926), Showa (1926-1989) e Heisei (1989-…).
- A unificação do Japão coube à casa reinante do Principado de Yamato que fundou o estado japonês baseado em um clã familiar forte que se apoiava em outras grandes famílias. As funções do clã reinante seriam militares, religiosas, políticas e diplomáticas.
- Com a introdução do Budismo no século VI (origem chinesa), três grandes famílias começaram a se rivalizar pelo poder, sendo que a família Soga acabou por se fortalecer frente às demais porque adotou as idéias morais confucianas que influenciavam diretamente a organização estatal. Além disso, os Soga apoiaram a expansão do Budismo, adotaram a escrita chinesa e criaram a primeira constituição do país.
- Em 645, os Soga perdem o poder e a Reforma Taika reforça a influência confucionista na política, com o Imperador passando a nomear os governadores e a reorganização da produção. Adota-se também a escrita chinesa.[3]
- Em 710 a capital é transferida para Nara e cresce a influencia budista na corte. Apesar da organização da burocracia seguir os moldes chineses, a administração estava nas mãos de aristocracia.
- Para frear a influência política dos sacerdotes, a capital é transferida de Nara para Heian (fundada em 784, chama-se atualmente Kyoto). Esse período é conhecido como “Era Heian” (784-1192). Esse período foi marcado pelo aumento de poder tanto dos altos funcionários quanto das grandes famílias em detrimento do imperador. Essa situação acabou conduzindo ao acirramento dos sentimentos locais, a resistência à cultura chinesa (personificada nos grandes mosteiros) e a formação de milícias armadas compostas por guerreiros que juravam fidelidade absoluta (samurais)[4] sob o comando dos chefes das grandes famílias. Nobres e mosteiros se rivalizavam e o imperador perdia poder. Instalada a guerra civil, o clã Morimoto obteve a vitória, centralizou o seu poder em Kamakura (1192) e o chefe da família adotou o título de Shogum. O Shogum passou a ter mais poder que o imperador e nomear os altos funcionários das províncias, desenvolvendo um sistema de vassalagem e fidelidade. Outra característica da Era Heian foi o desenvolvimento de uma escrita tipicamente japonesa que não tivesse influência de caracteres chineses, o hiragana. Interessante é que tal forma de escrita alcançou grande sucesso entre as mulheres da corte imperial que sendo impedidas de aprender e/ou se expressar na escrita chinesa passaram a usar a nova forma de escrita. Dessa maneira, a primeira obra de literatura publicada no Japão foi “A História de Genji”, obra escrita por uma dama de nome Murasaki Shikibu.[5]
- Em 1232, houve uma reformulação do shogunato, por meio do Código Joei, com a codificação das regras do feudalismo japonês. Com as tentativas de invasão dos mongóis (1274 e 1281), a família Hojo assumiu o poder depois de tomar a liderança da defesa da ilha.
- No período Muromachi (1338-1573) houve a tentativa de restauração do poder imperial, o que instalou uma guerra civil que dividiu o país em dois. O sul nas mãos do Imperador e o norte nas do Shogum. É nesse período que se dá o contato com os portugueses (que trazem as armas de ferro) e a tentativa do estabelecimento do cristianismo, religião que foi apoiada por alguns senhores poderosos que viam na nova religião uma maneira de diminuir o poder dos grandes mosteiros budistas.
- Quando a guerra civil chegou ao fim e tanto os portugueses (que tinham pretensões coloniais) quanto o Cristianismo não se mostravam mais necessários, houve a expulsão dos estrangeiros e posterior massacre dos japoneses que se tinham tornado cristãos. O Japão se fecha aos estrangeiros deixando somente um porto aberto ao comércio e somente com os holandeses. Também nesse período se confiscam as armas de todos aqueles que não são samurais que passam a ser os únicos com o direito de portar armas. (1588)- O Shogunato durou até o século XIX (1868), sempre com a hegemonia de uma grande família. Seu fim só se deu com a chamada Revolução Meiji que após sangrenta guerra civil reabriu o contato com os países estrangeiros (sob pressão e ameaça de bombardeio dos americanos) modernizou o Japão, confiscou os poderes das grandes famílias e as armas dos samurais e retornou o poder ao Imperador.
*** SOCIEDADE: Compreendia três grupos principais: a família imperial, os súditos livres (funcionários, arrendatários, sacerdotes, comerciantes) e os súditos não-livres. As mudanças na sociedade japonesa se processaram principalmente devido à turbulência social e política do período do Shogunato. Um dos aspectos mais importantes foi o aumento progressivo da opressão sobre os camponeses, que gradativamente foram perdendo suas terras (quando pequenos proprietários) e sendo escravizados, quando não podiam pagar as taxas. Além disso, foram proibidos de portar armas (1588) e poderiam ser mortos pelos samurais sem que isso implicasse em qualquer forma de punição. Quanto às mulheres, sua situação poderia variar no tempo (houve imperatrizes, mulheres que lideraram clãs, samurais, ninjas, escritoras) e dependia também de seu grupo social. No geral, é errado estabelecer que as mulheres sempre estiveram em posição de inferioridade e sem direitos no Japão até a Revolução Meiji.[6]
*** ECONOMIA: Como não possui grandes espaços para a agricultura, essa foi sempre feita em pequena escala, principalmente nos vales férteis. O relevo montanhoso do país favoreceu a divisão da terra entre as pequenas comunidades e a formação de feudos. A introdução do arroz foi feita por imigrantes e ganhou grande destaque. Com a introdução do uso do ferro e o uso do cavalo e do boi para arar a terra, a produtividade aumentou. Principais atividades: agricultura (arroz, frutos e raízes); exportação de cerâmica, enxofre, madeira e madre-pérola; e o comércio marítimo (graças aos portos naturais) com a China, Coréia, Vietnã e Filipinas, principalmente.
*** CULTURA: Apesar da forte influência estrangeira (China, Coréia, Índia) a cultura japonesa assumiu feições próprias e é valorizada até hoje dentro e fora do país. Destacam-se a escultura; a arquitetura; o teatro (Noh, Bunraku e Kabuki); a música; a literatura e a poesia (Onde se destacaram as mulheres principalmente na criação de uma literatura nacional escrita em caracteres e estilo japonês); as artes marciais (judô, kendô, sumo, jiu-jitsu), etc.
*** RELIGIÃO: A religião tradicional japonesa é o Xintoísmo (xinto: caminho dos deuses) onde há o culto a vários deuses personificados nas forças da natureza, no culto aos ancestrais, à família ao Imperador, etc. O Xintoísmo não possui deuses superiores, nem escrituras sagradas. O Budismo foi introduzido no Japão, no século VI, por interesses de Estado (pacifismo, obediência aos superiores, piedade, etc.), mas conseguiu conquistar boa parte da população. O Budismo japonês acabou ganhando feições próprias (o Zen-Budismo) e sendo influenciado pelo Xintoísmo. Os sacerdotes budistas obtiveram grande poder político no passado, chegando a incomodar imperadores e shoguns, hoje em dia continuam importantes, mas somente no plano religioso e educacional. O Cristianismo foi introduzido no Japão pelos portugueses em 1549, conseguiu muitos adeptos mas foi proibido no século XVI, só voltando à legalidade depois da Revolução Meiji.
[2] Período também chamado de Shogunato Tokugawa por cause de seu fundador, Tokugawa Ieyasu.
[4]O código de honra que regia a vida e a morte dos samurais se chamava bushidô e foi sendo desenvolvido e reforçado durante todo o período do Shogunato.
[5] Essa obra também é considerada o primeiro romance escrito no mundo, sendo publicado e lido até hoje, além de ter sido transformado em novela, filme, quadrinhos (manga) e desenho animado (anime).
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