terça-feira, maio 21, 2019

2º Trimestre: As Cruzadas


I. Séculos XI a XIII:

§ Auge do feudalismo com a estabilização dos direitos dos grandes nobres, a diminuição dos conflitos, a valorização da cavalaria.

§ Essas mudanças foram possibilitadas sobretudo pelo fim das invasões; melhorias climáticas; desenvolvimento e/ou redescoberta de técnicas agrícolas; incorporação de novas terras (arroteamentos) dentro da própria Europa (desmatamentos, drenagem de pântanos, conquista de novas terras no leste); intensificação do comércio, agora não mais tão restrito às áreas do Mediterrâneo mas abarcando toda a Europa; crescimento da vida urbana.



§ Fortalecimento da Igreja que tentou se impor ao Imperador e aos grandes senhores.

§ A melhora das condições gerais de vida fez surgir pela primeira vez na Idade Média os excedentes de produção que eram apropriados pela nobreza laica e religiosa através de pesados tributos. Mesmo assim, registrou-se um grande crescimento populacional.

§ A Europa começou a parecer pequena, seja para os nobres que desejavam mais terras; seja para os camponeses que tinham que aumentar a produção para garantir sua sobrevivência; seja para os comerciantes, principalmente italianos, que desejavam aumentar a sua influência dentro do rico comércio com o Oriente.

§ Atenção ao gráfico abaixo, ele está no livro de vocês. Vejam que a população cresce até que no século XIV há uma depressão. Este problema foi fruto de muitos fatores, dentre eles, a uma grande epidemia de Peste Bubônica, a chamada Peste Negra, que matou aproximadamente 1/3 da população européia; as guerras, como a Guerra dos Cem Anos, entre França e Inglaterra; as revoltas camponesas; e a fome ocasionada pela perda de colheitas e falta de mão-de-obra.

AS CRUZADAS:

§ Jerusalém era considerada Terra Santa tanto por cristãos quanto por judeus e muçulmanos. Com a

Expansão Islâmica a Palestina tinha sido tomada pelos árabes, despertando entre alguns cristãos o desejo de retomar o território sagrado, considerado como centro do mundo nos mapas da época, das mãos dos “infiéis”.

§ Em 1095, o Papa Urbano II conclamou à Cristandade às retomar à Terra Santa. Este movimento ficou conhecido como Cruzada, porque os que se engajavam no movimento levavam o símbolo da cruz em sua roupa.

§ Além da motivação religiosa importantíssima, as Cruzadas foram animadas por outros interesses: aliviar a tensão dentro da Europa, pois as terras começavam a escassear; canalizar a violência dos nobres contra “alvos legítimos”,[1] no caso, os “infiéis” impedindo que as guerras proliferassem dentro da Europa Cristã; liberar contingentes populacionais (nobres e camponeses) para o Oriente onde iriam se fundar novos reinos aliviando a pressão demográfica dentro da Europa; era a oportunidade para os cavaleiros conseguirem fama e fortuna, talvez até um feudo; os comerciantes italianos viam as Cruzadas como uma grande possibilidade de ganhos comerciais.

§ Houve Cruzadas fora e dentro da Europa. As da Terra Santa são as mais conhecidas, mas a Reconquista da Península Ibérica e algumas campanhas contra hereges, como os Cátaros, também tinham status de Cruzada. Quem participasse das Cruzadas recebia a remissão de seus pecados.

§ Houve oito cruzadas “oficiais” e outras que não receberam o reconhecimento da Igreja ou da nobreza. A primeira destas cruzadas “extra-oficiais” foi a Cruzada de Pedro, o Eremita que, atendendo ao chamado do Papa, partiu à frente de 5000 camponeses, andarilhos e mendigos decidiram reconquistar Jerusalém. Atingiu Constantinopla em 1096, foram aconselhados pelos bizantinos a retornarem mas como não tinham esta intenção, e estavam causando desordens na cidade, os bizantinos os transportaram até a Ásia Menor onde foram massacrados pelos turcos. Outra dessas Cruzadas foi a “Cruzada das Crianças” de 1212 que teve um ramo francês e outro alemão. As crianças francesas se dirigiram à Paris onde sem o apoio do Rei acabaram recebendo a oferta de alguns navios para irem “libertar Jerusalém”. Enganados por cristãos foram vendidos em mercados de escravos muçulmanos do Egito. Em sua homenagem mandou-se erguer a Igreja dos Santos Inocentes. Os Cruzados alemães foram direção à Roma mas a nobreza e a igreja, temendo revoltas, insuflou a população contra as crianças que de libertadores passaram a ser tratados como bandidos. A maioria foi morreu ou foi vendida à prostíbulos.


§ Por ordem as Cruzadas oficiais foram:

- 1ª Cruzada (1095-99): Composta por grandes senhores, partiu sob os auspícios de Urbano II. Tomou dos muçulmanos uma parte da Ásia Menor e Jerusalém onde se estruturaram reinos cristãos sob o modelo feudal. Fundam-se nesse momento as Ordens dos Templários e Hospitalários.  Monges guerreiros que tinham como função defender a Terra Santa e seus lugares sagrados.

- 2ª Cruzada (1147-49): Congregou vários príncipes europeus, entre eles o Imperador Conrado II e o Rei Luís VII da França. Contou com a presença de damas importantes, como Leonor da Aquitânia, rainha da França e futura rainha da Inglaterra.  Marcada pelos desentendimentos, terminou fracassando.

- 3ª Cruzada (1189-92): Uma das mais conhecidas, chamada de "Cruzada dos Reis", reuniu o Imperador Frederico, Barba Ruiva (que morreu afogado), o Rei Filipe Augusto da França e o Rei Ricardo Coração de Leão. Do outro lado os muçulmanos eram comandados por Saladino. O conflito entre os gênios militares (Saladino de um lado e Frederico e Ricardo do outro) deu aura romântica à esta Cruzada de batalhas sangrentas, negociações diplomáticas e traições. Não conquistaram a Terra Santa, mas conseguiram para os cristãos o direito a peregrinação.

- 4ª Cruzada (1202-04): Cruzada convocada pelo Papa Inocêncio III, marcada por interesses comerciais dos venezianos associados à nobreza francesa, principalmente, abandonou o objetivo de conquistar a Terra Santa e atacou Constantinopla. Fundou-se aí o Império Latino de Constantinopla (1204-1261).

- 5ª Cruzada (1217-21): A cruzada foi liderada por André II, Hungria; Leopoldo VI, duque da Áustria; João I de Brienne, rei em título de Jerusalém e Frederico II, imperador do Sacro Império. O imperador Frederico II concordou em organizar a expedição.  Decididos a conquistar o Egito antes de chegar a Jerusalém, a expedição fracassou.  O imperador foi excomungado pelo Papa Gregório IX por não enviar as tropas prometidas. Foi dessa expedição que participou São Francisco de Assis com o intuito de converter os "infiéis".

- 6ª Cruzada (1228-29): Liderada pelo Imperador Frederico II, ao invés de guerrear com os árabes, negociou a liberação de Jerusalém e outros lugares sagrados cristãos para a peregrinação. Hábil negociador, o Imperador – que estava excomungado pelo Papa – conseguiu ser coroado rei de Jerusalém no Santo Sepulcro. Em 1244, os turcos desfizeram o tratado.

- 7ª Cruzada (1248-50): Rompeu a trégua estabelecida com os turcos na cruzada anterior.  Recebeu a adesão do rei da França que seguiu com grande exército para o Oriente.  Luís IX, rei da França, tenta conquistar o Egito. Toma Damieta em 1249, mas seu exército é dizimado pelo tifo e o rei é feito prisioneiro. A rainha resiste em Damieta e negocia com os egípcios a libertação do marido em troca da cidade e um grande resgate. Depois de libertado retorna ao seu país.  

- 8ª Cruzada (1270): As tensões eram grandes no oriente, com os mongóis pressionando as tribos turcas que avançavam para o ocidente.  Além disso, genoveses e venezianos lutavam entre si pelo comércio no Mediterrâneo, jogando cristãos contra cristãos.  A nova Cruzada foi mais uma tentativa de Luís IX que acaba morrendo de tifo na Tunísia.  Com seu exército dizimado, o filho do rei, Filipe, o Audaz, negocia a trégua e a retirada. Por causa de sua piedade e martírio Luís IX foi canonizado anos depois.

As ordens de cavalaria: do Santo Sepulcro, de Malta,
dos Templários, de San Tiago da Espada e dos Cavaleiros Teutônicos.

Considerações Finais – Afinal, para que serviram as Cruzadas?

§ As Cruzadas não conseguiram o reconquistar a Terra Santa mas trouxeram muitas mudanças para a Europa.

§ Dinamizaram o comércio, permitiram um maior intercâmbio com o Oriente de onde vieram novos produtos agrícolas (cana-de-açúcar, arroz), técnicas de cultivo e de produção de tecidos. Os maiores beneficiados com a dinamização do comércio no mediterrâneo foram sem dúvida os italianos de Gênova e Veneza.

§ Enfraqueceu o Feudalismo. Os fracasso militares, o endividamento e a morte de muitos nobres permitiu o avanço do poder real e o enfraquecimento dos laços de servidão.

§ A intensificação do intercâmbio cultural com o Oriente (Islã e Bizâncio), além de trazer novas (e velhas) idéias para a Europa, auxiliou no “refinamento” da sociedade européia.

§ Houve a fundação de várias Ordens Militares, algumas delas, como a dos Cavaleiros Teutônicos, existem ainda hoje e teve uma grande atuação no leste Europeu, seja na evangelização seja na expansão dos interesses comerciais da Liga Hanseática.

§ A agressão dos cristãos acirrou a rivalidade com os muçulmanos que, por sua vez, começaram a diminuir a sua tolerância em relação aos cristãos.



[1] Antes mesmo dos cruzados partirem, registrou-se o aumento da violência contra os judeus que até então conviviam relativamente bem com os cristãos.

3 comentários:

Anônimo disse...

Amiga adorei, eu estava precisando desse apoio, estou estudando para o vestibular só que não tenho livro...estou no cursinho...então tudo o que o professor comenta eu pesquiso...ainda bem que encontrei, eu não tinha entendido muito bem o assunto das cruzadas, agora ...eu posso até dá uma aula.valeu!

Unknown disse...

Obrigada ... Isso me ajudou muitoooo
tirei nota maxima no trabalho !
Obrigada , Obrigada e muitooo Obrigada !!!

Beijos

Nadir disse...

obrigada pela valiosa ajuda,vou prestar vestibular p/história e toda ajuda é bem vinda...