sexta-feira, março 30, 2007

TEXTO COMPLEMENTAR: AS PRIMEIRAS MOEDAS


Um dos alunos me perguntou quando surgiram as primeiras moedas, feitas de metal, em formato mais ou menos redondo. Eu sabia que as de ouro tinham aparecido pela primeira vez no século VII, na Lídia, Ásia Menor, e que a idéia foi aproveitada pelos persas quando pensaram em criar sua moeda "nacional", o dárico. Mas de fato, estas foram as primeiras moedas no sentido que compreendemos hoje. Mais ou menos na mesma época, os chineses também tiveram a mesma idéia.

Já o uso do metal como medida é muito anterior. O bronze era muito usado como contrapeso em balanças, e metais de valor como o ouro e a parta, poderiam ser colocados em barras e trocados. Dentro dos sistemas de pesos e medidas, estabelecia-se quanto de bronze, ouro, prata, ferro, valia tal produto, como tecidos, cereais e gado.

Outros materiais, como conchas, sementes, barras de sal, também poderiam ser usados como moedas. Tabuinhas de crédito eram igualmente utilizadas no Crescente Fértil e tinham essa função. Uma pessoa poderia viajar e utilizar o crédito que possuia em outras cidades, mesmo em outros países.

1º BIMESTRE: PERSAS


LOCALIZAÇÃO: planalto do Irã, região de extremos, com desertos, solos de baixa produtividade, montanhas que levavam fertilidade às planícies circundantes. Fica entre a Mesopotâmia e a Índia. Sua maior riqueza era retirada das minas de ouro, prata, lápis-lazúli [1] etc.
POVO: A região era ocupada pelos elamitas que desenvolveram uma civilização contemporânea dos sumérios e acádios e influenciada por eles. Sobre este alicerce (cidades, escrita) bem firme, os povos indo-europeus se estabeleceram. Os medos e persas são descendentes de tribos indo-européias oriundas da Ásia Central e que se estabeleceram na região por volta do ano 4.000 a.C. O reino da Média foi o primeiro a se organizar, sua capital era Ecbátana. Foi dominado pelos Assírios (715-612 a.C.), mas unidos aos caldeus (Povo da Mesopotâmia / II Império Babilônico) os medos conseguiram derrotar os conquistadores. O Reino dos Medos se tornou poderoso, mas terminou conquistado por Ciro I, rei dos persas que unifica os dois reinos em 550 a.C.

O ESTADO: O estado persa era autocrático e centralizado na figura do rei que era eleito/reconhecido pela assembléia de nobres persas e medos, a Aura Masda. Os persas formaram um dos maiores impérios em expansão territorial da Antigüidade. Os principais reis da Pérsia foram:

Ciro I, o grande (560-530): Expandiu o Império incorporando parte considerável da Ásia Menor, Mesopotâmia, Palestina, Síria, Fenícia e parte da Índia. Iniciou a política persa de respeito pela cultura, religião e costumes dos povos conquistados como forma de garantir a estabilidade do Império disfarçando a dominação. Criou o “Exército dos Imortais” formado por 10.000 homens e que sempre era renovado para que seu número se mantivesse estável. Fundou a cidade de Pasárgada que se tornou sua capital.

Cambises II (530-522): Filho e sucessor de Ciro, governava a Babilônia para o pai. Expandiu o Império até o Egito e a Líbia. Tinha planos de conquistar Cartago e o Reino de Napata que ficava ao sul do Egito. A campanha no deserto não foi bem sucedida, muitos soldados se perderam, o exército se recusou a lutar e os fenícios não cederam seus navios para que chegasse à Cartago pelo mar. Ficou na história como cruel e despótico. Não se sabe ao certo se foi assassinado ou cometeu suicídio.

Dario I (523-486): Tomou uma série de medidas para melhor governar e manter o Império. Dividiu o território em 20 povícias/estados (as satrápias), os sátrapas vinham da nobeza local, ou mesmo das antigas famílias reais; instituiu um corpo de funcionários reais (“olhos e ouvidos do rei”) para fiscalizar os governadores (sátrapas); criou o dárico moeda única que facilitaria as transações comerciais entre as várias partes do Império Persa [2]; como o império era muito extenso criou 4 capitais (Ecbátana ou Pasárgada, Persépolis, Babilônia e Susa); mandou construir a Estrada Real de 2.400 km ligando Sardes na Ásia Menor à Susa; e aperfeiçoou um sistema de correios que permitiu que as mensagens fossem levadas com maior rapidez percorrendo diversos postos (com homens e cavalos descansados) ao longo das principais estradas do Império. Dario tentou expandir seu Império até a Europa invadindo a Grécia. A resistência dos gregos, entretanto, colocou fim a expansão territorial persa com a derrota na Batalha de Maratona. As guerras entre gregos e persas foram ficaram conhecidas como Guerras Médicas (por causa dos medos) ou Guerras Greco-Pérsicas. A primeira foi travada por Dario I e as duas outras por seu sucessor Xerxes.

SOCIEDADE: No topo da sociedade persa estavam as grandes famílias nobres persas e medas. Estas não pagavam impostos. Os demais segmentos da sociedade, os sacerdotes ou magos (responsáveis pela justiça a mando do rei), comerciantes, os soldados (importantes em virtude do caráter expansionista do Império) e os camponeses (que viviam sob o regime de servidão coletiva) arcavam com todos os impostos.

ECONOMIA: A base da economia era a agricultura, até porque, com a expansão do Império, os persas anexaram as áreas férteis do Egito e Mesopotâmia. Os persas e medos preferiam as atividades agrícolas e pastoris. O comércio era a segunda atividade mais importante e estava entregue aos babilônios, fenícios e judeus (hebreus). Para melhorar o comércio, Dario I mandou restaurar um canal ligando o Mar Vermelho e o Rio Nilo.

RELIGIÃO: Baseada no Zend Avesta, foi criada por Zoroastro, sendo chamada de Zoroastrismo e, posteriormente, Masdeísmo. A religião persa era dualista, e acreditava na presença de dois deuses, um do Bem (Ahura-Mazda) e um do Mal (Ormuz), em permanente duelo. Ainda assim, deuses antigos como Mitra (deus do sol) e Anahita (deusa da água) continuavam sendo adorados pelo povo. Os seres humanos teriam o direito de escolher entre um e outro (livre-arbítrio) e seriam julgados pelo Messias no Juízo Final, quando os bons ganhariam a vida eterna. Havia também a presença de seres inferiores aos deuses, como anjos ou demônios, de forma que deuses antigos pudessem continuar presentes no culto. A religião não tinha templos, somente sacerdotes, e o fogo era considerado sagrado. Acredita-se que a religião dos persas influenciou profundamente o Judaísmo e, por conseguinte o Cristianismo. Ainda hoje o Masdeísmo é praticado por algumas populações do atual Estado Islâmico do Irã e na região de Bombaim na Índia. Devido a influência dos babilônios a religião persa se travestiu de um caráter pessimista e fatalista (ligado a idéia de destino) que aumentou ainda mais o poder dos sacerdotes.

AS LEIS: O rei era a autoridade máxima e dele emanava a justiça, sua palavra era lei. Os juízes eram funcionários nomeados, para pequenos crimes aplicavam-se castigos corporais, a pena de morte não podia ser aplicada por um único delito e todo criminoso deveria ter um julgamento. Única exceção era rebeldia contra o rei.

CULTURA: Sofreu forte influencia dos povos conquistados, sendo marcada pelo ecletismo. A princípio os persas se utilizaram da escrita cuneiforme, mas posteriormente desenvolveram um alfabeto próprio com base no utilizado pelos arameus (povo da Palestina.)

[1] Lapis-Lazúli (lazurita): Mineral monométrico, azul-ultramar, silicato de alumínio e sódio e sulfato de sódio, na proporção de três do primeiro para um do segundo, us. como matéria ornamental; lápis-lazúli.
[2] As moedas foram enviadas na Lídia, região da Ásia Menor. Ver
texto complementar.

segunda-feira, março 26, 2007

1º BIMESTRE: FENÍCIOS


## LOCALIZAÇÂO: Líbano atual e parte da Síria. Região rica em madeira nobre, o cedro, utilizada na construção civil e de navios, além de um caramujo chamado múrice de onde se extraía a púrpura, uma valiosa tinta de tecidos. O solo não favorecia a agricultura irrigada como no Egito e Mesopotâmia, mas cultivavam-se cereais para consumo próprio, assim como videiras, oliveiras e outras árvores típicas do Mediterrâneo. Mais importante é que sendo uma região de passagem, as atividades comerciais floresceram e eram o ponto alto da economia fenícia.

## POVO: Fruto de uma mistura de povos, os fenícios chamavam-se a si mesmo de cananeus e mesmo em Cartago, colônia africana fundada por Tiro, assim se denominavam.

## ESTADO: Os fenícios nunca estabeleceram um Estado unificado. Cada cidade-estado era independente e governada por um ou dois reis, geralmente membros das elites mercantis. A base da economia era o comércio marítimo, por isso podemos dizer que os fenícios constituíram uma Talassocracia [1]. Devido a seus empreendimentos comerciais, os fenícios fundaram várias colônias, a mais importante delas Cartago, e criaram muitas rotas comerciais que não se limitavam ao Mediterrâneo, mas incluíam a circunavegação da África e incursões até o Mar do Norte. As cidades-estado mais importantes eram:

• Biblos: Mantinha intensas relações comerciais com o Egito desde o Antigo Império. Era aliada dos egípcios junto com Tiro e entrou em decadência junto com o grande Império do Nilo. Biblos importava e redistribuía o papiro egípcio, daí a palavra “livro” em grego ser biblos.

• Sídon: Era um importante porto comercial, Heródoto se refere a todos os fenícios como “sidônios”. Foi aliada dos egípcios e destruída e reconstruída várias vezes. Atingiu seu auge com o enfraquecimento dos egípcios e hititas. Lutou por sua independência contra egípcios e persas e terminou dominada pelos gregos.

• Ugarit: Importante porto comercial que manteve durante muito tempo boas relações com os egípcios, foi dominada pelos mitanni e se tornou aliada dos hititas na região. Mantinha relações comerciais fortes com a ilha de Chipre e Creta.

• Tiro: Uma das cidades mais poderosas da região, fundou várias colônias ao longo do Mediterrâneo, dentre elas Cartago. Obteve seu auge antes da expansão assíria e da competição dos gregos no mar. Com as pressões de outros povos e a competição de outras cidades fenícias, como Sídon, Tiro perde importância política e econômica e sua mais importante colônia, se torna independente. Graças a sua posição estratégica em uma ilha, resistiu por 13 anos ao cerco dos caldeus, conseguindo um acordo favorável em troca de sua submissão. Alexandre, o Grande dobrou Tiro em sete meses e foi extremamente duro com seus habitantes como punição pela resistência.

## ECONOMIA E SOCIEDADE: Os fenícios constituíram uma sociedade com grande mobilidade social [2], pois o comércio, base de economia, permitia que os indivíduos tivessem grande flutuação em sua riqueza. O mar foi a saída para a pobreza do solo e a competição com outros comerciantes terrestres. Os fenícios se tornaram mestres na navegação, sendo provavelmente os primeiros a navegarem a noite guiando-se pelas estrelas. Os principais produtos que comerciavam eram madeira, escravos e tecidos de púrpura (a tinta retirada do múrice), vidro, além disso, faziam escambo com outros povos em busca de produtos valiosos, alugando também os seus navios para outras nações.

## CULTURA: Certamente a maior contribuição dos fenícios foi a criação do primeiro alfabeto fonético conhecido. Este alfabeto, criado para facilitar as transações comerciais, espalhou-se pela borda do Mediterrâneo, pois os fenícios fundaram várias colônias como Cartago, no Norte da África e Cádiz, na atual Espanha, tendo influenciado o alfabeto grego.

## RELIGIÃO: Os sacerdotes tinham grande poder, pertencendo às elites da sociedade. Cada cidade tinha um deus protetor. Os deuses eram chamados genericamente de Baal (senhor) e representado pelo sol, e de Astarté, divindade feminina ligada a fecundidade, normalmente associada à Lua. Os fenícios também eram animistas [3], adorando as forças da natureza. Seus cultos admitiam freqüentemente os sacrifícios humanos e, em casos especiais, nenhuma família da cidade poderia se furtar a dar um de seus filhos em sacrifício aos deuses.

[1] Talassocracia [Do gr. thalassokratía.]: Sistema de governo no qual o poder está nas mãos daqueles que se dedicam às atividades no mar, no caso dos fenícios, o comércio marítimo.

[2] Mobilidade social: Circulação ou movimento de idéias, de valores sociais ou de indivíduos, duma camada inferior para a superior, e vice-versa, ou de um grupo para outro no mesmo nível.

[3] Animismo: Modo de pensamento ou sistema de crenças em que se atribui a seres vivos, objetos inanimados e fenômenos naturais um princípio vital pessoal, isto é, uma alma