domingo, abril 29, 2007

2º BIMESTRE: ÍNDIA


## Quando falamos aqui de Índia, não estamos nos referindo ao país Índia atual, mas a uma região - a grande Índia - que no passado englobava os atuais territórios da Índia, do Paquistão, de Bangladesh e Sri Lanka que se separaram depois da independência do domínio inglês em 1947. Culturalmente semelhantes tais países tem como fator de diferenciação a religião, pois Paquistão, Bangladesh e Sri Lanka são regiões convertidas à religião muçulmana. A questão religiosa, somada a outros interesses, é fator de conflito entre Paquistão e Índia que disputam não somente a hegemonia na região mas, também, a região da Caxemira que mesmo tendo permanecido como território indiano é de maioria Islâmica.

LOCALIZAÇÃO: Região Centro-Sul da Ásia, situada entre a Mesopotâmia e a China. Ao norte da região existe uma fronteira natural, a Cordilheira do Himalaia onde se encontra o ponto culminante da Terra, o monte Everest com 8.882 m. Durante a Antigüidade, parte da Índia foi anexada ao território do Império Persa e posteriormente ao de Alexandre da Macedônia.

FORMAÇÃO ÉTNICA: A região já era ocupada desde aproximadamente 3.000 anos a.C. por povos de origem diversa. Com a invasão das tribos arianas por volta de 1.500 a.C. que dominaram os drávidas, povo principal que habitava a região, os vários grupos étnicos se misturaram começando a formação daquilo que conhecemos como civilização hindu.

SOCIEDADE: A marca da organização social indiana é a divisão da sociedade em castas. Castas são camadas da sociedade divididas por ofício e/ou origem étnica, os membros de castas diferentes não se misturam. Uma sociedade de castas é uma sociedade Estratificada sem possibilidade de mobilidade social. A estrutura de castas foi implantada na Índia pelos árias invasores e se tornou marca da sociedade indiana. Apesar de abolida em 1947, ainda regula parte das relações sociais, principalmente nas cidades e vilas do interior. Cada casta é dividida em subcastas tendo uma dinâmica interna própria, além disso, existe a figura do pária que seria o indivíduo que estaria fora da sociedade. Aos párias caberiam os lugares e funções mais humilhantes dentro da sociedade. Já o topo da sociedade seria ocupado pelos brâmanes ou sacerdotes que governariam a sociedade e ocupariam os melhores postos, além disso, tinham escolas próprias e usavam, depois de adultos, o cordão sagrado que representaria a sua posição de homem livre. Pela ordem, abaixo dos Brâmanes temos os Xátrias (príncipes/militares), os Vaixás (comerciantes, artesãos e camponeses) e, por fim, os Sudras (servos).[1]

LEGISLAÇÃO: O primeiro código de leis indiano é o Código de Manu (*aproximadamente entre 1300 e 800 a.C.*) e foi autoria dos brâmanes.

ESTADO: A região da Índia foi marcada por várias tentativas de unificação e pela hegemonia de um estado sobre os demais. Assim, podemos destacar:

1. Século IV a.C.: Tentativa de unificação movida pela dinastia Maurya. A expansão do território irá cessar com a conversão ao Budismo e o interesse dos reis, a partir de Asoka, [2] pelo desenvolvimento da nova fé.

2. Século II a.C.: Nova fragmentação.

3. Século IV d.C.: Domínio da Dinastia Gupta com grande desenvolvimento cultural.

4. Século VI d. C.: Invasão dos hunos e outros povos, fim da dinastia Gupta e divisão do Império em dois.

5. Século VII: Invasão árabe e implantação do Islamismo na parte Oeste da região. Fundação do Sultanato de Délhi que se torna uma potência econômica e só perderá importância no século XVI.

6. Século XVI-XVIII: Invasão dos muçulmanos mogóis que fundam a dinastia grã-mogol e levam a região a um novo apogeu econômico e cultural.

7. Século XVI: Chegada dos Europeus, principalmente portugueses, que passam a participar do comércio e fundam feitorias (*entrepostos comerciais geralmente com um forte e armazéns para guardar os produtos*) na região.

8. Século XVIII: A Índia se torna colônia inglesa e só obterá a independência em 1947.

ECONOMIA: A base da economia era a agricultura irrigada (*trigo, cevada, frutas, algodão*), com destaque para o comércio (*A Índia ficava no meio de rotas comerciais como a Rota da Seda.*) e a manufatura de tecidos. Após a conquista inglesa, os dominadores irão colocar limites e destruir produção de tecidos indiana, pois essa concorria diretamente com a produção inglesa sendo de maior qualidade do que a produzida na metrópole.

RELIGIÃO: Se baseia no culto a vários deuses, alguns introduzidos pelos árias (*religião Védica*) e outros já existentes na região. O dado a religião da Índia antiga é Bramanismo, mas com o passar do tempo, as tradições religiosas indianas ficaram conhecidas com o nome genérico de Hinduísmo. O Hinduísmo é uma religião que por princípio aceita a coexistência com outras práticas religiosas, como o Budismo, por exemplo, e traz no seu interior vários grupos tão diversos quanto os Jainistas e os Hare Krishna. O conflito religioso só se tornou uma realidade com a introdução do Islamismo (*a partir do séc. VII d.C.*) que por ser monoteísta não admite a existência de outros deuses. No entanto, dentro da Índia atual (*o país*) alguns muçulmanos convivem pacificamente com as práticas hindus. Entre os textos mais sagrados do Hinduísmo estão os Vedas que datam que foram produzidos entre os séculos XV e XII a.C.

CIÊNCIA E CULTURA: Os indianos se destacaram principalmente na poesia, na arquitetura, na matemática, na escultura, na literatura, na astronomia e na medicina.

[1] Todos os estrangeiros por princípio deveriam ser párias, mas terminam sendo incorporados à sociedade com os direitos de uma determinada casta. Por exemplo, parte dos judeus que moraram por séculos na Índia depois da Diáspora recebiam o tratamento similar aos dos Vaixás. Os povos vizinhos que foram convertidos pelos indianos em algum mmento de sua história também foram reconhecidos como pertencentes ou gozando dos direitos de uma das castas.
[2] A história de Asoka, o rei indiano que se converteu ao Budismo, foi transformada em filme na Índia e está disponível nas locadoras brasileiras. É uma boa chance para quem deseja conhecer um pouco mais da história de Asoka o rei que unificou a Índia, cujo brasão se encontra na bandeira da Índia atual, que teve filhos que se tornaram os primeiros missionários budistas. Apesar das muitas liberdades tomadas é um filme legal e é genuíno cinema de Bollywood (*termo cunhado a partir de Bombaim, grande centro cinematográfico do país, mais Hollywood*).