Inácio de Loyola (1491-1556), o fundador da Companhia de Jesus, espanhol de nascimento, fora pajem, tesoureiro-mor do rei Fernando, o Católico (1506-1517), depois gentil-homem na corte do vice-rei de Navarra. Ferido na batalha de Pamplona, em maio de 1521, é socorrido pelos franceses, seus vencedores, e reconduzido ao castelo de Loyola. Aí ocorre sua primeira experiência espiritual, com visões, conflitos íntimos muito fortes e chamados de Deus, os quais aparecem em seus sonhos.
Estando uma noite desperto, viu claramente uma imagem de Nossa Senhora com o santo Menino Jesus, com cuja visão, por espaço notável, recebeu consolação muito extraordinária, e ficou com tanto asco da vida passada, e especialmente de coisas da carne, que lhe parecia terem-lhe saído do ânimo todas as espécies que antes nele tinha pintadas. (Inácio de Loyola,'Relato do peregrino'. Apud Karl Rahner, op. cit., p. 53.)
Convertido, põe-se a andar como peregrino e mendigo. Começa a fazer pregações e, em Salamanca, acaba sendo chamado pela Inquisição, e ojuiz o proíbe de tratar de assuntos teológicos antes de ter concluído os estudos. Vai para Paris (1528) e lá permanece estudando e buscando agregar a si companheiros dispostos a adotar seu modo de vida: pobreza evangélica, trabalho de catequese com os pobres, ideal de missão, disciplina rígida.
Em abril de 1538, Inácio e mais nove companheiros são recebidos pelo papa Paulo III, que os submete a um exame público de doutrina, em que eles são aprovados. O papa lhes concede a faculdade de pregar e confessar no mundo inteiro e sem recorrer aos bispos locais. Em novembro do mesmo ano, o grupo resolve pôr-se à disposição da vontade do papa, vigário de Cristo:
Em abril de 1538, Inácio e mais nove companheiros são recebidos pelo papa Paulo III, que os submete a um exame público de doutrina, em que eles são aprovados. O papa lhes concede a faculdade de pregar e confessar no mundo inteiro e sem recorrer aos bispos locais. Em novembro do mesmo ano, o grupo resolve pôr-se à disposição da vontade do papa, vigário de Cristo:
[...] nos oferecemos ao Pontífice Supremo, enquanto senhor da messe* universal de Cristo, e, neste oferecimento, significamos-lhe que estávamos prontos a tudo o que resolvesse fazer de nós em Cristo.[...] Por que motivos nos ligamos com tal compromisso à vontade do Pontífice? É por sabermos que ele conhece melhor do que ninguém o que convém ao cristianismo universal. (Fabro, carta a Diogo de Gouvea, 23 de novembro de 1538. Apud André Ravier S. J., Santo Inácio funda a Companhia de Jesus, p. 24.)
A Companhia de Jesus
Inácio e seus companheiros se envolvem em inúmeras atividades em Roma, especialmente com a instrução e com a catequese, e logo começam a ser solicitados a outras missões: Carlos V os quer para as índias espanholas; D.João III deseja enviá-los às índias portuguesas; os bispos e príncipes do norte da Itália os solicitam a seus domínios; o arcebispo de Sena os quer para a reforma de um mosteiro; o cardeal de Parma e Placência necessita deles para efetuar uma reforma nos costumes destas cidades...
O grupo apresenta sinais de separação definitiva, o que preocupa os companheiros. Eles deliberam longamente e apresentam em setembro de 1539 um documento ao papa Paulo III, intitulado Prima Societatis Jesu Instituti Summa, propondo a criação de uma ordem, a Companhia de Jesus. Um ano depois, em 27 de setembro de 1540, o papa Paulo III assina a bula Regimini militantis ecclesiae e funda oficialmente a Companhia de Jesus. Duas são as possibilidades de explicação para a designação "Companhia de Jesus":
O grupo apresenta sinais de separação definitiva, o que preocupa os companheiros. Eles deliberam longamente e apresentam em setembro de 1539 um documento ao papa Paulo III, intitulado Prima Societatis Jesu Instituti Summa, propondo a criação de uma ordem, a Companhia de Jesus. Um ano depois, em 27 de setembro de 1540, o papa Paulo III assina a bula Regimini militantis ecclesiae e funda oficialmente a Companhia de Jesus. Duas são as possibilidades de explicação para a designação "Companhia de Jesus":
Ao verem que não havia entre eles chefe nem superior, exceto Jesus Cristo, a quem queriam servir com exclusão de qualquer outro, pareceu-lhes bom tomar o nome daquele que tinham como chefe e chamar-se Companhia de Jesus. (Polanco, Summarium Hispanicum, 1547. Apud André Ravier S. J., op. cit., p. 21.)
O espírito militar de Inácio de Loyola e a ideia de uma ordem militante e missionária, que necessitava de uma organização semelhante a um exército, também explicam a escolha dessa designação:
Saibam todos os companheiros e se recordem, não só nos primeiros tempos de sua profissão, mas todos os dias de sua vida, que esta Companhia inteira e cada um de seus membros combatem por Deus sob a fiel obediência a nosso Santíssimo Padre Paulo III e a seus sucessores.[...] (Prima Societatis Jesu Instituti Summa, 1539. Apud André Ravier S. J., op. cit., p. 101.)
Uma intensa atividade missioneira e militante e uma formação intelectual muito sólida foram duas das características dos padres da Companhia de Jesus, seguindo, inúmeras vezes, orientação expressa por Inácio de Loyola e registrada nos documentos de fundação da Companhia:
Todo aquele que pretender alistar-se sob a bandeira da cruz, na nossa Companhia, que desejamos se assinale com o nome de Jesus, para combater por Deus e servir somente ao Senhor e ao Romano Pontífice, seu Vigário na terra, depois do voto solene de perpétua castidade persuada-se que é membro da Companhia. Esta foi instituída principalmente para o aperfeiçoamento das almas na vida e na doutrina cristãs, epara a propagação da fé, por meio de pregações públicas, do ministério da palavra de Deus, dos Exercícios Espirituais e obras de caridade e, nomeadamente pela formação cristã das crianças e dos rudes, bem como por meio de Confissões,buscando principalmente a consolação espiritual dos fiéis cristãos. [...] (Fórmula do Instituto da Companhia de Jesus, aprovada por Paulo III, 1539. Apud Karl Rahner, op. cit., p. 78.)
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