quinta-feira, setembro 04, 2008

O Cartismo e os Luditas


O Ludismo, que vem de Ned Lud, líder do movimento, foi um movimento de artesãos desempregados e operários ingleses que, no séc. XIX, marcavam encontros altas horas da noite, invadiam fábricas e destruíram máquinas de grande porte e, muitas vezes, tocavam fogo nas instalações. Boa parte dos luditas eram ex-membros do outrora própero grupo dos artesãos que perderam suas oificinas, empregos e caiam na miséria. Em alguns casos o termo se aplica a todos que são contra o avanço à industrialização intensa ou ao avanço tecnológico.

Movimento político reformista ocorrido na Inglaterra, entre 1830 e 1848, e cujo programa se continha na chamada Carta do Povo escrita por William Lovett. Era um movimento democrático radical para os padrões da época e defendia: o sufrágio universal masculino; voto secreto através da cédula; eleição anual; igualdade entre os direitos eleitorais; participação de representantes da classe operária no parlamento; remuneração aos parlamentares. Recusadas as propostas, houve revoltas de operários. Mesmo que o movimento não tenha sido bem sucedido, sua pressão ajudou na aprovação de leis regulamentando o trabalho infantil (1933) e feminino, revisão do Código Penal (1937), a permissão das associações políticas de operários e da implementação de jornadas de trabalho de 10 horas.

O trabalho das mulheres

Depoimento de Betty Harris, 37 anos:

Casei-me aos 23 anos, e foi somente depois de casada que eu desci à mina; não sei ler nem escrever. Trabalho para Andrew Knowles, da Little Bolton (Lancashire). Puxo pequenos vagões de carvão; trabalho das 6 da manhã às 6 da tarde. Há uma pausa de cerca de uma hora, ao meio-dia, para o almoço; dão-me pão e manteiga, mas nada para beber. Tenho dois filhos, porém eles são jovens demais para trabalhar. Eu puxava esses vagões, quando estava grávida. Conheci uma mulher que voltou para casa, se lavou, se deitou, deu à luz e retomou o trabalho menos de uma semana depois.

Tenho uma correia em volta da cintura, uma corrente que passa por entre as minhas pernas e ando sobre as mãos e os pés. O caminho é muito íngreme, e somos obrigados a segurar urna corda - e quando não há corda, nós nos agarramos a tudo o que podemos. Nos poços onde trabalho, há seis mulheres e meia dúzia de rapazes e garotas; é um trabalho muito duro para uma mulher. No local onde trabalho, a cova é muito úmida e a água sempre cobre os nossos sapatos. Um dia, a água chegou até minhas coxas. E o que cai do teto é terrível! Minhas roupas ficam molhadas durante quase o dia todo. Nunca fiquei doente em minha vida, a não ser na época dos partos.

Estou muito cansada quando volto à noite para casa, às vezes adormeço antes de me lavar. Não sou mais tão forte como antes, não tenho mais a mesma resistência no trabalho. Puxei esses vagões até arrancar a pele; a correia e a corrente são ainda piores quando se espera uma criança.

(Extraído de um relatório parlamentar inglês, 1842. Em: Valéry Zangheilini, direção, Connaissance du Monde Contemporain, p. 110.)

Fordismo e Taylorismo



Administração científica é o empenho sistemático em analisar o trabalho para identificar a maneira mais eficiente de realizar uma dada tarefa. A teoria surgiu em 1911 na obra de F.W. Taylor (e daí ser freqüentemente chamada de taylorismo). Taylor comparou o corpo humano a uma máquina e realizou estudos lie tempo e movimento a fim de determinar o modo mais eficiente de utilizá-lo. O taylorismo esteve estreitamente relacionado ao desenvolvimento da produção em massa, em especial às linhas de montagem em fábrica introduzidas por Henry Ford, o fabricante americano de automóveis. O que veio a ser conhecido como fordismo separava os operários uns dos outros e dividia o processo de produção em uma série fragmentada de tarefas que podiam ser controladas com maior facilidade por supervisores e pela administração.

Críticos do capitalismo industrial consideram a administração científica como um dos principais instrumentos de controle dos operários, não apenas para aumentar a produtividade, mas também para solapar o poder dos sindicatos em relação à administração, ao privar os trabalhadores do controle sobre seu processo de trabalho.

Fonte: JOHNSON, Allan G. "Administração científica" in ___. Dicionário de Sociologia - Guia Prático da Lingagem Sociológica. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1997, p. 5

As crises sociais e econômicas do capitalismo liberal


O nascimento do capitalismo foi marcado por graves crises econômicas e sociais. Elas atingem, inicialmente, a Inglaterra, pais que conheceu o primeiro capitalismo industrial, generalizando-se pela Europa.

As primeiras crises sociais do capitalismo colocam o mundo agrícola inglês as voltas com o cercamento dos campos, em seguida aparece a luta, antecipadamente perdida, entre os artesãos e a indústria; rapidamente, porem, a luta social opõe os operários aos capitalistas.

(...) A maioria dos operários são camponeses e artesãos arruinados; expulsos das terras e das aldeias, vivem em ignóbeis condições de alojamento e de promiscuidade. O artesão perde a sua antiga qualificação (...) Estamos na presença de uma verdadeira castração de talento. Todos eles são desenraizados, considerados pela burguesia como seres úteis, mas perigosos. Na Franca, o operário passa a ter uma carteira de trabalho que o submete ao controle da Polícia. Na Inglaterra, o operário que deixa seu patrão é passível de ser preso. As condições de trabalho são duras. A Jornada é de pelo menos 12 horas e não há férias nem feriados. O trabalho das mulheres e das crianças 6 a regra. Praticamente, as crianças começam a trabalhar desde a idade de seis anos. É preciso esperar pelos meados do século XIX para ver aparecer na França e na Inglaterra uma regulamentação quanto ao trabalho da mulher e das crianças.

(...) no século XIX o ritmo da alteração econômica, no referente a estrutura da indústria e das relações sociais, o volume de produção e a extensão e variedade do comércio mostrou-se inteiramente anormal, a julgar pelos padrões dos séculos anteriores; tão anormal a ponto de transformar radicalmente as idéias do homem sobre a sociedade, de uma concepção mais ou menos estática de um mundo onde, de uma geração para a outra, os homens estavam fadados a permanecer na posição de vida que lhes fora dada ao nascimento e onde o rompimento com a tradição era contrario a natureza, para uma concepção de progresso como lei da vida e da melhoria constante como estado normal de qualquer sociedade sadia. (...)

Fonte: CASTRO, Ana Maria, DIAS, Edmundo Fernandes (org.) Introdução ao Pensamento Sociológico – Emile Dürkheim, Max Weber, Karl Marx e Talcott Parsons. São Paulo: Centauro, 2002, p. 6-7.