Signatários do Tratado Sobre a Não-Proliferação de Armas Nucleares se comprometem a não desenvolver energia nuclear para fins militares
Paula Sato (novaescola@atleitor.com.br)
O Tratado Sobre a Não-Proliferação de Armas Nucleares surgiu em 1970, em plena Guerra Fria, mas só foi ratificado em 2002. Assinaram o acordo 188 países, entre os que já possuíam armas nucleares antes de 1967 (Estados Unidos, Reino Unido, Rússia, China e França) e os que ainda não possuem essa tecnologia. Os cinco signatários que são potências nucleares fazem parte do Conselho de Segurança da ONU e, segundo o acordo, se comprometem a não utilizar e nem transferir armas nucleares para outros países ou ajudá-los a adquiri-las. Paulo Edgar de Almeida Resende, Coordenador do Núcleo de Análise de Conjuntura Internacional da PUC-SP, explica que os países que não detêm armas nucleares também possuem o mesmo compromisso. "Quando uma nação faz parte do tratado, tem que excluir qualquer tipo de desenvolvimento de energia nuclear para fins militares. Para que fique claro que não há nenhum direcionamento bélico, o país tem que se abrir para uma fiscalização", diz. O responsável pela inspeção é a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), que deve ter acesso a todas as informações sobre os programas nucleares dos signatários do tratado.
O que preocupa a comunidade internacional no momento é que quatro países que também são claramente detentores de armas nucleares não fazem parte do acordo: Índia, Paquistão, Israel e Coréia do Norte. O país asiático se retirou do tratado em 2003 depois de desentendimentos com os Estados Unidos. Desde 1994, a Coréia do Norte havia desativado todo seu programa nuclear, inclusive para a produção de energia elétrica, em troca do envio de petróleo por outros países. Porém, no fim de 2002, os Estados Unidos acusaram o país de sustentar um programa nuclear secreto, cortando a ajuda energética. Com isso, a Coréia do Norte saiu do tratado e reativou suas usinas. Desde então, a comunidade internacional especula se o movimento havia sido apenas uma barganha do governo para voltar a receber ajuda internacional ou se o país estava mesmo engajado em produzir armas nucleares.
Nesta semana, a manchete dos jornais do mundo inteiro foram os exercícios militares da Coréia do Norte, que disparou mísseis balísticos em direção do mar do Japão e fez um teste subterrâneo com uma arma nuclear da mesma magnitude da bomba de Hiroshima (veja a localização dos disparos logo abaixo, no Google Earth). Seria isso um indício de que a Coréia poderia tentar atacar o Japão? Paulo Resende acredita que não, "na verdade, o perigo não é o de que a Coréia do Norte use as armas, mas que ele entre no mercado negro e venda a tecnologia para países do Oriente Médio ou da África". O professor explica que, apesar das tensões na região, o poderio militar japonês é muito superior ao norte-coreano e o país não se arriscaria em uma guerra. "Uma das hipóteses é que a Coréia do Norte queria se mostrar como uma potência nuclear para obrigar os Estados Unidos a colocar um fim à Guerra da Coréia, que formalmente nunca terminou. Também pode ser uma forma de ter um trunfo em relação à Coréia do Sul, que hoje está se tornando uma potência econômica", afirma o professor.
Matéria da Revista Nova Escola on line.
Paula Sato (novaescola@atleitor.com.br)
O Tratado Sobre a Não-Proliferação de Armas Nucleares surgiu em 1970, em plena Guerra Fria, mas só foi ratificado em 2002. Assinaram o acordo 188 países, entre os que já possuíam armas nucleares antes de 1967 (Estados Unidos, Reino Unido, Rússia, China e França) e os que ainda não possuem essa tecnologia. Os cinco signatários que são potências nucleares fazem parte do Conselho de Segurança da ONU e, segundo o acordo, se comprometem a não utilizar e nem transferir armas nucleares para outros países ou ajudá-los a adquiri-las. Paulo Edgar de Almeida Resende, Coordenador do Núcleo de Análise de Conjuntura Internacional da PUC-SP, explica que os países que não detêm armas nucleares também possuem o mesmo compromisso. "Quando uma nação faz parte do tratado, tem que excluir qualquer tipo de desenvolvimento de energia nuclear para fins militares. Para que fique claro que não há nenhum direcionamento bélico, o país tem que se abrir para uma fiscalização", diz. O responsável pela inspeção é a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), que deve ter acesso a todas as informações sobre os programas nucleares dos signatários do tratado.
O que preocupa a comunidade internacional no momento é que quatro países que também são claramente detentores de armas nucleares não fazem parte do acordo: Índia, Paquistão, Israel e Coréia do Norte. O país asiático se retirou do tratado em 2003 depois de desentendimentos com os Estados Unidos. Desde 1994, a Coréia do Norte havia desativado todo seu programa nuclear, inclusive para a produção de energia elétrica, em troca do envio de petróleo por outros países. Porém, no fim de 2002, os Estados Unidos acusaram o país de sustentar um programa nuclear secreto, cortando a ajuda energética. Com isso, a Coréia do Norte saiu do tratado e reativou suas usinas. Desde então, a comunidade internacional especula se o movimento havia sido apenas uma barganha do governo para voltar a receber ajuda internacional ou se o país estava mesmo engajado em produzir armas nucleares.
Nesta semana, a manchete dos jornais do mundo inteiro foram os exercícios militares da Coréia do Norte, que disparou mísseis balísticos em direção do mar do Japão e fez um teste subterrâneo com uma arma nuclear da mesma magnitude da bomba de Hiroshima (veja a localização dos disparos logo abaixo, no Google Earth). Seria isso um indício de que a Coréia poderia tentar atacar o Japão? Paulo Resende acredita que não, "na verdade, o perigo não é o de que a Coréia do Norte use as armas, mas que ele entre no mercado negro e venda a tecnologia para países do Oriente Médio ou da África". O professor explica que, apesar das tensões na região, o poderio militar japonês é muito superior ao norte-coreano e o país não se arriscaria em uma guerra. "Uma das hipóteses é que a Coréia do Norte queria se mostrar como uma potência nuclear para obrigar os Estados Unidos a colocar um fim à Guerra da Coréia, que formalmente nunca terminou. Também pode ser uma forma de ter um trunfo em relação à Coréia do Sul, que hoje está se tornando uma potência econômica", afirma o professor.
Matéria da Revista Nova Escola on line.
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