Como se faz um papa? Quem ganha e quem perde? Essas são duas perguntas que o filme O Conclave (The Conclave) tenta responder. Fosse nos dias atuais, acredito que o filme seria um tanto inócuo, mas em um dos momentos cruciais da História da Igreja Católica (*Afinal, a Reforma Protestante teve bons motivos para ocorrer*), o confronto entre os cardeais e a luta desesperada para que o jovem Rodrigo Borgia – sim, o futuro papa Alexandre VI – mantenha não somente o seu cargo de Vice-Chanceler da Igreja, como a sua própria vida acaba empolgando bastante.
O filme começa em 1458, com a morte do primeiro Papa Borgia, Calixto III (1455-58), e o duplo drama, a eleição do novo papa, e a sobrevivência política de Rodrigo Borgia, um jovem de 27 anos, chamado com desprezo pelos outros cardeais de “cardeal-sobrinho”. Morto o tio papa, a situação dos sobrinhos fica muito complicada. Como Vice-Chanceler cabia a Rodrigo liderar o Conclave, mas as raposas e outros bichos envolvidos eram muito mais poderosos que ele. Rodrigo é ameaçado e adulado, mas desempenha um papel fundamental na eleição de Pio II, além de garantir não só sua sobrevivência política, mas iniciar um sólido percurso até que ele mesmo se torne papa.
O Conclave não estreou nos cinemas brasileiros, mas pode ser comprado por um preço bem acessível ou alugado em uma locadora. O filme lembra um pouco uma peça filmada. Há ação, violência, algumas locações abertas, mas é dentro do claustrofóbico Conclave que se desenvolve boa parte do filme. Não é um momento muito feliz da História da Igreja Católica e os papas do Renascimento não tem lá muito boa fama, especialmente Alexandre VI, o nosso Rodrigo Borgia. Mas é inegável que ele foi grande diplomata e que sobreviveu politicamente graças a muita astúcia.
Já o encontramos no início do filme nos braços de sua amante mais famosa, Vannozza dei Cattanei (*que não parece bem uma condessa no filme*), pouco interessado na pol[itica da Igreja, e uma figura bem diferente dos cardeais de nossos dias. Aliás, com a morte do tio ele não é tratado como cardeal “de verdade” pelos outros cardeais e sua vida parece estar por um fio. A poderosa família Orsini só espera o momento para matá-lo, como faz com seu irmão. O ator espanhol Manu Fullola defende bem o seu Rodrigo e eu até fico com pena dele, especialmente quando se confronta e é quase engolido pelos cardeais Guillaume D'Estouteville (James Faulkner), Aeneas Sylvius Piccolomini (Brian Blessed) e Latino Orsini (Peter Guinness)
Dito isso, o legal do filme são os diálogos. Ameaças de morte explícitas, compra de voto, chantagens, falsas promessas, rola de tudo. Os cardeais são capazes de qualquer coisa, especialmente o francês Guillaume D'Estouteville, que quase foi papa, que praticamente diz “vote em mim ou...” e balança o poder do Rei da França e tudo mais que pode sacar da manga. Para cooptar os votos dos dois cardeais “gregos” promete até uma cruzada para livrar Constantinopla recém conquistada pelos turcos.
No confronto, Piccolomini parece o melhor candidato, ou um homem melhor, ainda que D'Estouteville lhe atire no rosto que ele não é nobre e seja pouco refinado. E o pobre Borgia no meio, pressionado a conseguir o voto dos cardeais espanhóis para os franceses ou... Pois é, dá pena dele, e olha que o sujeito já não era boa coisa com seus vinte e poucos aninhos. Mas a cada nova eleição sem resultado definitivo a tensão vai crescendo, até a seqüência final angustiante.
Eu recomendo o filme por compor bem o quadro histórico, pelos diálogos, pelo clima claustrofóbico, e pelo duelo de grandes atores. Destaque para o final, o confronto entre D'Estouteville e Piccolomini e a vitória do último, pois depois de tanta maquinação e eleições infrutíferas a gente respira aliviada e Rodrigo Borgia, também, pois mudou de lado na hora certa e definiu o Conclave. Tá aí um filme que eu poderia passar para a minha turma de História da Igreja II.
O filme começa em 1458, com a morte do primeiro Papa Borgia, Calixto III (1455-58), e o duplo drama, a eleição do novo papa, e a sobrevivência política de Rodrigo Borgia, um jovem de 27 anos, chamado com desprezo pelos outros cardeais de “cardeal-sobrinho”. Morto o tio papa, a situação dos sobrinhos fica muito complicada. Como Vice-Chanceler cabia a Rodrigo liderar o Conclave, mas as raposas e outros bichos envolvidos eram muito mais poderosos que ele. Rodrigo é ameaçado e adulado, mas desempenha um papel fundamental na eleição de Pio II, além de garantir não só sua sobrevivência política, mas iniciar um sólido percurso até que ele mesmo se torne papa.
O Conclave não estreou nos cinemas brasileiros, mas pode ser comprado por um preço bem acessível ou alugado em uma locadora. O filme lembra um pouco uma peça filmada. Há ação, violência, algumas locações abertas, mas é dentro do claustrofóbico Conclave que se desenvolve boa parte do filme. Não é um momento muito feliz da História da Igreja Católica e os papas do Renascimento não tem lá muito boa fama, especialmente Alexandre VI, o nosso Rodrigo Borgia. Mas é inegável que ele foi grande diplomata e que sobreviveu politicamente graças a muita astúcia.
Já o encontramos no início do filme nos braços de sua amante mais famosa, Vannozza dei Cattanei (*que não parece bem uma condessa no filme*), pouco interessado na pol[itica da Igreja, e uma figura bem diferente dos cardeais de nossos dias. Aliás, com a morte do tio ele não é tratado como cardeal “de verdade” pelos outros cardeais e sua vida parece estar por um fio. A poderosa família Orsini só espera o momento para matá-lo, como faz com seu irmão. O ator espanhol Manu Fullola defende bem o seu Rodrigo e eu até fico com pena dele, especialmente quando se confronta e é quase engolido pelos cardeais Guillaume D'Estouteville (James Faulkner), Aeneas Sylvius Piccolomini (Brian Blessed) e Latino Orsini (Peter Guinness)
Dito isso, o legal do filme são os diálogos. Ameaças de morte explícitas, compra de voto, chantagens, falsas promessas, rola de tudo. Os cardeais são capazes de qualquer coisa, especialmente o francês Guillaume D'Estouteville, que quase foi papa, que praticamente diz “vote em mim ou...” e balança o poder do Rei da França e tudo mais que pode sacar da manga. Para cooptar os votos dos dois cardeais “gregos” promete até uma cruzada para livrar Constantinopla recém conquistada pelos turcos.
No confronto, Piccolomini parece o melhor candidato, ou um homem melhor, ainda que D'Estouteville lhe atire no rosto que ele não é nobre e seja pouco refinado. E o pobre Borgia no meio, pressionado a conseguir o voto dos cardeais espanhóis para os franceses ou... Pois é, dá pena dele, e olha que o sujeito já não era boa coisa com seus vinte e poucos aninhos. Mas a cada nova eleição sem resultado definitivo a tensão vai crescendo, até a seqüência final angustiante.
Eu recomendo o filme por compor bem o quadro histórico, pelos diálogos, pelo clima claustrofóbico, e pelo duelo de grandes atores. Destaque para o final, o confronto entre D'Estouteville e Piccolomini e a vitória do último, pois depois de tanta maquinação e eleições infrutíferas a gente respira aliviada e Rodrigo Borgia, também, pois mudou de lado na hora certa e definiu o Conclave. Tá aí um filme que eu poderia passar para a minha turma de História da Igreja II.