domingo, maio 19, 2019

Texto Complementar: Como são 'feitos' os santos da Igreja Católica


Este é o título de uma matéria da BBC, publicada para marcar a canonização de Irmã Dulce (1914-1992), a segunda pessoa nascida em nosso país a ser reconhecida como santa pelo Vaticano.  Hoje, a Igreja Católica tem um processo exigente para que uma pessoa possa ser reconhecida como santa, ou santo, tornando-se digna de veneração entre os católicos.  A ideia do processo, das provas de santidade (*os milagres*), foi criada na Idade Média, período que estamos estudando.

Nos primórdios do cristianismo, o santo, que quer dizer separado, veio de certa forma ocupar o herói grego-helenístico.  Alguém que tinha praticado feitos que eram superiores a da média dos mortais e merecia ser lembrado por causa disso.  Por isso mesmo, a maioria dos primeiros santos e santas era mártir, pessoas que tinham morrido por causa de sua fé.  Um mártir não precisa ter milagres comprovados, isso, de certa forma, permanece até hoje.  O que garantia a canonização nos primeiros séculos da Idade Média (Séc. V-XI) eram questões políticas, ou popularidade, bastava conseguir o reconhecimento de um bispo local e alguém era considerado santo.  Muitos santos dessa época eram igualmente bispos, alguns reis, príncipes.  No caso das mulheres, que eram minoria, normalmente eram as mães de santos homens.

Morta na fogueira, acusada de bruxaria,
condenada por vestir roupas masculinas,
Joana D'Arc demorou muito
 tempo para ser canonizada.

As coisas mudaram com o fortalecimento do poder do papa e a centralização em Roma de todo o processo de canonização, que deveria reunir provas e testemunhas.  Não bastava somente ser popular, era preciso ter méritos comprovados segundo os padrões de religiosidade da época.  A mudança foi uma forma de mostrar o poder do pontífice, mas, também, de disciplinar uma prática que poderia apresentar situações constrangedoras, como a veneração a um santo cachorro que enviados papais terminaram por descobrir quando foram investigar um lugar de culto na França.  

A partir daqui, reproduzo o texto da BBC:  "Em 1180, o papa Alexandre 3º (1100-1181), disse que não era permitido "venerar ninguém como santo, sem a expressa autorização da Igreja de Roma".  "No primeiro milênio, não era tão rigoroso quanto hoje. A canonização tornou-se reservada ao papa apenas em 1234, com Gregório 9º [(1145-1241)]", conta à BBC News Brasil o frade Reginaldo Roberto Luiz, padre que trabalha com causas de canonização em Roma. "Antes bispos também canonizavam.""

Santo Antônio de Pádua, ou de Lisboa (1195-1231), outro 
santo franciscano muito popular no Brasil, foi canonizado em
tempo recorde, 1 ano.

Esta mudança na forma de se fazer os processos, tornou a canonização mais difícil e rendeu aos historiadores material para estudar a religiosidade medieval e o que tornava alguém santo aos olhos de sua época.  Há santos que são canonizados em tempo recorde, como Francisco de Assis, morreu em 1226 e foi canonizado em 1228, outros demoram séculos, caso de Joana D'Arc, morta em 1431 e só canonizada em 1920.  De certa maneira, mesmo com o controle da Santa Sé, questões como popularidade, origem, e políticas ainda influem nos processos de canonização até nossos dias.

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