Durante a Guerra do Peloponeso (431-404 a.C.), quando Atenas e Esparta disputavam a hegemonia na Grécia, a cidade berço da democracia padeceu com uma terrível epidemia. Tucídides, o historiador que é a maior fonte sobre o conflito, deixou o seguinte relato:
“(…) Os curadores nada podiam fazer, pois desconheciam a natureza da enfermidade e, além disso, foram os pioneiros no contato com os doentes e morreram em primeiro lugar. O conhecimento humano mostrou-se incapaz. Em vão se elevavam orações nos templos e se dirigiam preces aos oráculos. Finalmente, tudo foi renunciado ante a força da epidemia”
Historiadores, médicos e outros cientistas se debruçaram por séculos sobre as informações que tínhamos sobre a epidemia. Dentre as suspeitas, segundo a revista Isto É, estavam "(...) a peste bubônica, varíola, tifo transmitido por piolhos (comum em épocas de guerra devido aos aglomerados humanos em lugares de péssima higiene) e até de surto de infecção pelo vírus Ebola.". Mais recentemente, mais recentemente, o infectologista grego Manolis Papagrigorakis, da Universidade de Atenas, valeu-se de testes genéticos em restos mortais (cavidade de dentes) de atenienses da época da guerra do Peloponeso. A conclusão? A resposta é Febre Tifóide. "Utilizando técnicas de recombinação de genes, fragmentos do material genético de uma bactéria semelhante à atual Salmonella typhi foram recuperados no interior da polpa de dentes ainda existentes em ossadas. A epidemia matou uma a cada quatro pessoas, provocando a derrocada de Atenas. A maioria dos soldados morria nove dias após adoecer."